Diz-nos o dicionário que a palavra Economia deriva do grego oikonomía: oikos (casa, moradia) e nomos (administração, organização, distribuição). No seu sentido original, a economia é então o conjunto de atividades desenvolvidas para obtermos os bens e serviços indispensáveis à satisfação das necessidades; o aproveitamento eficiente de recursos; o equilíbrio harmonioso entre as partes e o todo. Neste entendimento abrangente, a economia deixa de ser uma ciência difícil, acessível apenas a alguns que a constroem e operam para uma maioria de pessoas, para nos impelir a todos a participar, a partir das nossas vidas quotidianas. Precisamos de economias locais mais justas e resilientes, prósperas, mas numa escala mais humana, abrangendo não só escolhas e hábitos diários individuais, mas também procedimentos de funcionamento de empresas, escolas, instituições sociais, entidades governamentais e outras entidades que contribuem para a economia dos lugares onde vivemos. Muitas pessoas procuram marcar a diferença e fazer algo de positivo com as suas vidas, mas frequentemente deparam-se com os desafios de criar e manter sozinhas um negócio próprio. Muitos projetos acabam por não evoluir além da fase da experimentação quando esbarram com a competição da economia de mercado. Esta tertúlia visa estimular o debate sobre o contributo que o novo cooperativismo, e as cooperativas integrais em particular, podem desempenhar na tessitura de relações económicas capazes de gerar uma mudança cultural profunda num momento da história em que vivemos grandes desafios de ordem ecológica.
Iniciativa desenvolvida no âmbito do projeto “Literacia para a Transição Climática!”, implementado no quadro do Programa The Europe Challenge 2024: Libraries, Communities and Democracy, financiado pela Fundação Cultural Europeia e executado em parceria pelo Centro do Clima da Póvoa de Varzim e a Biblioteca Municipal Rocha Peixoto
Biografia:
Jorge Gonçalves é doutorado em Economia, investigador associado do projecto JUST2CE (sobre economia circular) pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, desde 2022, e é membro da direcção da WindEmpowerment desde 2021. Enquanto consultor, apoia negócios de diferentes áreas de atividade e também projetos cooperativos. É um dos fundadores da Cooperativa Integral Minga, de Montemor-o-Novo, tendo sido membro da sua direcção durante vários anos. Organizou cursos sobre como criar cooperativas integrais em diversas zonas do país. Trabalhou em projectos de desenvolvimento rural (p.e. microcrédito, sector agrícola, saúde pública) em diversos países e foi também coordenador de estudos de impacto na área das energias renováveis em vários países da América Latina e Caraíbas. Está envolvido também na criação de uma moeda local para Montemor (Associacao A.Mor, fundada em 2018).